Próxima terça-feira (29 de maio), Cena 11 e Rumos Itaú Cultural estarão em Campo Grande.
Com o Grupo Cena
11 talvez tenha experimentado a sensação mais radical de liberdade, tamanha que
chegava a se confundir com o extermínio da própria existência, porque lançava
mão de abandonos violentos. O impacto da queda sem intermediário nenhum entre o
chão e a face nua (frente e/ou trás) do corpo inteiro, essa unidade, apresentava
a violência sutil de só se deixar levar, se expor à soberania da gravidade, sem
qualquer resistência.
Por isso uma
tensão entre morte e vida, violência e sutileza nos trabalhos do grupo catarinense Cena 11
experimentada, antes, na própria vida do diretor, Alejandro
Ahmed. Acometido, desde a infância, de uma doença chamada “osteogênese”, que
gera enfraquecimento nos ossos a ponto de romperem com leves esbarrões, seus
movimentos adaptativos, para sobreviver, levaram-no à interessante saída paradoxal: choques
violentos não causavam fraturas.
“O que era uma
necessidade particular de sobrevivência se transformou na elaboração de uma
técnica.”, escreveu Maíra Spanghero, em seu blog Corpo Remoto Controlado[r]. Ex-integrante do Grupo, é
autora do livro “A dança dos encéfalos acesos” (2003), que delineia um olhar
particular sobre o modo de fazer dança contemporânea do Cena 11 – o livro foi
fruto de pesquisa de mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC de São Paulo.
No artigo “Vontade de ultrapassar”, Maíra continua:
“O que o Cena 11 faz é um exercício de controle de situações que habitualmente são incontroláveis ou que ninguém se dedica a controlar. Por exemplo? Uma queda, um esbarrão, um atrito, um desgaste. Não há como evitar a queda e o impacto. Nosso corpo, em geral, não tem treino: cai e se machuca. Então, como fazer para ficar mais resistente ao choque e não quebrar? Aparentemente, parece um corpo-marionete, mas o movimento criado pelo Cena 11 está ampliando os comandos do corpo humano, desenvolvendo habilidades, tornando-o mais capaz e menos susceptível ao machucado. (...) Aquilo que pode parecer muito pouco humanizador, os rôbos, as quedas, a violência é na verdade uma estratégia absolutamente orgânica para o corpo continuar humano e melhor adaptado.”
“O que o Cena 11 faz é um exercício de controle de situações que habitualmente são incontroláveis ou que ninguém se dedica a controlar. Por exemplo? Uma queda, um esbarrão, um atrito, um desgaste. Não há como evitar a queda e o impacto. Nosso corpo, em geral, não tem treino: cai e se machuca. Então, como fazer para ficar mais resistente ao choque e não quebrar? Aparentemente, parece um corpo-marionete, mas o movimento criado pelo Cena 11 está ampliando os comandos do corpo humano, desenvolvendo habilidades, tornando-o mais capaz e menos susceptível ao machucado. (...) Aquilo que pode parecer muito pouco humanizador, os rôbos, as quedas, a violência é na verdade uma estratégia absolutamente orgânica para o corpo continuar humano e melhor adaptado.”
Dia 29 de maio de 2012, terça-feira, os e as campo-grandenses terão
a oportunidade de sentir de perto o Grupo Cena 11. O espetáculo Guia de ideias correlatas será apresentado no Teatro Prosa,
do Sesc Horto, às 20h (entrada gratuita).
Logo em seguida, a
equipe Rumos Itaú Cultural irá apresentar o edital Rumos 2012, direcionado à
Dança, Cinema e Vídeo, Moda e Design.
Será uma boa
oportunidade para tirar dúvidas quanto aos procedimentos para inscrição de
projetos e, bem importante, sobre o entendimento deles sobre pesquisa em dança.
O edital Rumos
Dança irá financiar propostas nas seguintes “carteiras”:
1. Dança para crianças
2. Dança para formadores
3. Residência
4. Desenvolvimento de pesquisa para criação
Levem caderninho,
caneta e muitas perguntas para o Teatro Prosa. Da conversa podem surgir vários
probleminhas, desses gostosos de se resolver dançando.
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