terça-feira, 20 de setembro de 2011

Eu fui na cabine técnica do espetáculo "Ginga 25 anos"


Com os olhos lacrimejados e um nó na garganta de dar dor de cabeça, eu comecei a me perguntar se a emoção que eu sentia era compatível com o nível de envolvimento que eu tenho com o que estava vendo.

Pela janela, ao lado da cabine técnica do Teatro Glauce Rocha, eu posicionei a câmera para fazer um registro de vídeo. Ao lado, o lugar que eu visitava de vez em quando de forma mais silenciosa possível. Este lugar era composto pelos aparelhos técnicos, pelo “rapaz do som”, pelo iluminador Espedito Di Montebranco e pelo cérebro de tudo o que estava acontecendo naquele lugar: Chico Neller.

Diante dele, ele, de costa para mim e de frente de nós os 25 anos de trajetória do/da Ginga. Eu, devaneios da mente e da emoção perguntando o que realmente me levou a estar ali e ele na direção de tudo achando que estava frio vendo a sua vida desenrolar diante de seus olhos. Esta frieza que digo é diferente de ter controle e ele estava sim no controle, mas... O seu corpo: mãos roçavam, boca agitava, corpo vibrava, testa tencionava - dança controlada dos seus sentidos que negavam o choro – símbolo da emoção. No controle, um homem que eu quis que fizesse parte da minha dança desde muito tempo (não sei quando ao certo). Bem diante de mim e dele 25 anos de sobrevivência neste país tão ingrato com a arte, um espetáculo, 160 pessoas/bailarinos, mais uns 20 amigos pelo menos, como eu, envolvidos diretamente com o espetáculo, os mais “não sei quantos” outros amigos e 800 simpatizantes-espectadores (mais gente que o teatro suporta). E eu me perguntando por que estava emocionada... Que bobagem! Miriam Gimenes, bailarina do 1º elenco, amiga, entra aos prantos na cabine e quando (depois da acolhida) se retira, eu me vejo ali dentro, fazendo parte, assistindo um espetáculo de história de vida acontecendo contida ali dentro e explodindo lá fora - no palco, do jeito que só Chico Neller sabe fazer. Me dei conta que eu estava tendo a sorte de presenciar aquele momento e tentei dar a ele o significado que cabia. Rompi o silêncio, dei um beijo no Chico e o sorriso dele olhando pra mim me bastou.

Foi mais ou menos assim. Descrever emoção é muito difícil!

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