segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Falando sobre Palco Giratório



clique para saber mais sobre o
Palco Giratório 2011
Talvez esteja na lista de expectativa de todo artista poder realizar um circuito de apresentações em que esteja cada dia comunicando com um público diverso, que possa trazer ao trabalho novos olhares e promover progressos na discussão da sua proposta. O Palco Giratório é um projeto do SESC que proporciona a um grupo de artistas/ companhias (selecionados por uma comissão da instituição) rodar o Brasil, passando por um roteiro que inclui outras ações como oficinas, debates e trocas de experiências com companhias locais. O projeto acontece há 14 anos e o seu formato foi se aprimorando com o tempo.

Nesta semana que passou, fizeram parte da programação da VI Aldeia SESC Terena de Artes três espetáculos do circuito do Palco Giratório 2011. Foram eles:  
- “Uma Vez, Nada Mais”, da Carambola Produções (BA)
- “A Tecelã”, da Cia Caixa do Elefante Teatro de Bonecos (RS)
- “De-Vir”, da Cia Dita (CE)

O espetáculo “Maria, Madalena” já apresentado aqui no blog, fez parte da programação local do Palco Giratório. No sábado 17/09, Miriam Gimenes, liderando a trupe do Maria, Madalena, realizou uma proposta com foco em danças circulares em um intercâmbio com a Cia Caixa do Elefante Teatro de Bonecos, participando os artistas das duas produções (se puderem, comentem sobre a experiência).

Um fator bacana do projeto é o contato com o público depois do espetáculo, conversando sobre o processo de criação e respondendo a perguntas de quem assistiu ao espetáculo. No bate papo do De-vir, da Cia Dita, o intérprete e coreógrafo Fauller colocou que o que mais importa no programa do Palco Giratório é o afeto, o contato humano que este giro proporciona. Este contato acontece com o público, com artistas locais e também com os técnicos do SESC, responsáveis pelas programações e pelas estruturas tão diversas que são os palcos pelo Brasil. Aqui em Campo Grande este contato acontece principalmente com o gerente de cultura Francisco Antônio Alves de Araújo, com os técnicos de apresentações e desenvolvimento artístico Rodrigo Bassalobre Casagrande e Francielle Gadotti, e na hora de suar a camisa na montagem, com os técnicos de áudio-visual Edenir Corsino e Hudson Ferreira Correia.

A Ginga Cia de Dança participou do programa do Palco Giratório em 2009 e propôs um documentário da sua experiência, contemplado pelo Fundo de Investimentos Culturais (FIC-MS) e realizado pela equipe: Helton Pérez, Yan Chaparro, Luiza Rosa e eu, Paula Bueno.  É um produto que discute transformações em várias esferas provocadas pela experiência do Palco Giratório e coloco aqui pra gente prolongar e aprofundar este debate.

3 comentários:

  1. Muito bacana o documentário! Eu ainda não conhecia o trabalho e fiquei muito orgulhoso de saber que um trabalho tão bonito é fruto do nosso "glorioso" Estado. A parte que mais gostei no documentário foi quase no final, onde uma entrevistada que afirma não ter gostado da peça, diz:

    "o que eu sou, o que eu me tornei aos 38 anos, me incomoda, e é caro ser quem eu sou, pq não fecha com nenhuma cultura, nem de boi, nem de galinha, nem de formiga, nem de nada, eu sou um humano meio desconectado do mundo hoje, dentro de um quadrado, que você não é, mas você é posto, e você tem que ficar, pq isso esta posto, se você sair do quadrado, você é considerado louco, e te internam, e isso eh complicado... e mais, eu acho que nos deveriamos nos tornar seres melhores, menos boi, vocês mostraram um boi agressivo, um boi que se movimenta, nos temos cultura de boi, do tipo enfileirado pra morte, e nos nem gritamos, o boi ainda grita."

    Imagina se ela tivesse gostado! :)

    Parabéns a toda equipe.

    ResponderExcluir
  2. Belíssimo trabalho! Essa mesma pessoa também me chamou bastante atenção ao explicar suas percepções tão densas e enraizadas na questão do "homo boi".
    Será que lutamos pelos nossos desejos, ou simplesmente caminhamos enfileirados para a morte como seres esgotados do viver?

    ResponderExcluir
  3. Sobre o intercâmbio, Miriam Gimenes havia preparado uma vivência (uma viagem pelo feminino) por meio das danças ciculares (inclusive coreografou uma das músicas da trilha do Maria, Madalena). Dançamos sim essa coreografia mas parte do intercâmbio se deu no silêncio (dos corpos) por meio de um trabalho de eutonia, de dissociação e de manipulação de partes do corpo (massagem). Uma delícia para todos que estavam bastante esgotados por causa da intensa programação da semana.

    ResponderExcluir