sábado, 10 de março de 2012

Um pouco do corpo

Quero falar de um corpo que desnecessita de lamúrias que estagnam o mesmo. Quero falar de um corpo próprio ao que se faz quando caminha, longe de vícios e deflagração pueris que transmite ao corpo alguma lógica colonizadora. Quero falar de um corpo sem medo do espelho, do rosto que suplica auto-conhecimento, e se vê quando inscreve códigos ao ar, próprios da natureza cotidiana. Quero falar de um corpo desnaturalizado, almejado pela valentia do suor de quem suspira um outro querer, longe de aspectos estereotipados que coagulam o sangue. Quero falar de um corpo instigante, não de linhas que furam os olhos, e constrói uma dança viciada por um querer que foge do próprio corpo. Quero falar de um corpo mais perto do meu sono, da minha reza, do meu respirar.

4 comentários:

  1. pow, yan... que insperação, heim?
    queria eu ter tido a felicidade de escrever isso. apesar de ter tido mesmo a felicidade de ter lido.
    valeu!

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  2. O texto exala suas inquietações. Ficou muito lindo!

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  3. Estive lendo um texto em que há um relato de experiência de contato-improvisação de um artista da dança com um tetraplégico... e ele dizia que o método para dançar teria que vir da experiência de como seu corpo se movia, e nunca da imitação do que faziam os não deficientes. "O que é mais importante de lembrar", escreveu, "é que cada corpo, deficiente ou não, é único e apresenta uma outra (nem melhor, nem pior) oportunidade de explorar qualquer movimento possível".

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  4. Redescobrir... o avesso, do avesso, do avesso.

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