quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Contação transpolíticas[1]*- perpassando os binômios


Vou iniciar esta contação que deveria ser política fazendo um pedido, pode ser?

Gostaria que fechássemos os olhos por um instante e imaginássemos que a palavra política não existisse mais em nosso vocabulário, e que no lugar dela fosse colocada a palavra TRANSpolítica.

Assim, se acreditássemos na dimensão do que sugere o prefixo trans (mesmo composto com a palavra política) como algo que em movimento vai além de, ou através de algo na sua condição de superar os binômios, diria que seria o conceito sinequanon para as questões das políticas em dança amparadas pelo pensamento contemporâneo.

Esta dança em que se politiza hoje é configurada pela rica rede da diversidade, das hibridizações e contaminações, sem falar na sua inconstante maneira de não conseguir-se definir, instigada pelas rápidas mudanças estéticas e poéticas de suas obras e processos artísticos.

Então, como vislumbrar este constante movimento propositado pela dança na política cultural? Parece-me que estamos indo de encontro com esta proposição, ao setorizar, separar e descentralizar ações. Mas não é bem assim, as demandas que por ventura sugerem um separativismo, nada mais são que formas de construir um espaço sólido de especificidades que mais além possam se consolidar num futuro lugar translocutor de todas estas e outras especificidades.

Ora vejam só, um lugar onde a determinação de formas de organização (sociedade civil e poder público) seriam sempre através de movimento e horizontalidades nas relações, onde a transversalidade não se separasse do pensamento político e as polaridades não teriam estabilidade.

Espero ainda que abram espaços para a discussão dos binômios, pois esta transpolítica necessita ser desejada a partir de instâncias, marcos e questões já conquistados, e por isto este agenciamento de binômios excita a consolidação, embora mutável, do Lugar em Dança.

Mas como ainda estamos - A DANÇA – no engatinhar deste lugar, irei constando aos poucos neste canal (blog), sequências de fatos que têm acontecido na política em/através/com Dança no país.

Por ter a oportunidade de ser membro do Colegiado Setorial de Dança e estar presente em constantes discussões sobre o Plano Nacional de Dança e o Sistema Nacional de Cultura, nas próximas contações tomarei como ponto de partida as cinco prioridades da Dança para se desenvolver nos próximos 10 anos, votadas na última Conferência Nacional de Cultura em 2010.



[1] Este texto e principalmente o termo transpolítica foi instigado pelo artigo de Claudia Madeira – “Das trandisciplinas às transpolíticas”, da revista título provisório de 2005.

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