sábado, 1 de outubro de 2011

Falando Sobre: Derivações corporais - gestos políticos, por Yan Chaparro

Francis Bacon


Quando pensamos corpo, já ocasionamos para nos mesmos uma posição política, estamos falando de um lugar no mundo, entre discursos e mais discursos que delineiam o dito do real. E por assim, sigo me perguntando: de que corpo falamos (...) que corpo fala (...) e como o corpo se deriva entre as emendas dos poderes (...).

Estas perguntas surgiram quando me deparei pensando como seria a forma mais contundente de resistência hoje, e como o corpo poderia gestualizar a resistência. Li num artigo de Fernandes que esta forma seria “se fingir de morto”, como fez Xavier Le-Roy.

Se fingir de morto como ato irônico a todas as especulações diárias e históricas que transforma cada gesto cotidiano como densos espirros de poder. De controlar-se, de controlar o outro e de fingir para o espelho. Hoje quase não mais existe um Pai ou Estado comprimindo o corpo, parece que o corpo se comprimi por si, com suas técnicas que se confundem com normas do bem.

Precisamos discutir a partir do corpo, como e porque estas normas se normalizam internamente, para re-pensar a sociedade, ou alguns guetos, de como podemos construir construtos sociais mais vigentes ao bem comum, mas não a um perverso bem comum.

O corpo revela muitos estratos políticos, ele por si é político, então, como estão e como se move as nossas criações em dança contemporânea (...), será que vamos ter que fazer como Yvonne Rainer e ir para o cinema para falar sobre o que precisamos falar (...). Mas o que precisamos falar (...).

Construir a partir do corpo um produto em dança contemporânea é por si um gesto político, então mais uma vez pergunto: de que lado caminha nossas criações em dança (...) o que elas transformam além de aplausos instantâneos (...).

Galeano ao terminar um conto chamado Sozinha, fala “Enquanto esperava a morte, não tem ninguém com quem conversar”. Será que nossas criações caminham sozinhas (...), o que elas falam sob o contemporâneo (...).

Agamben (2009) lembra que ser contemporâneo é “capaz de escrever mergulhando a pena nas trevas do presente”.

Fica por assim, algumas derivações contemporâneas para Movimente.

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