sábado, 1 de outubro de 2011

Falando Sobre: Sociedade civil. Ou: a interatividade e a maçã, por Josemar de Campos Maciel

Na reflexão acerca do que seja ou o que signifique sociedade civil damos, de início, com duas informações importantes. A primeira, a gênese do conceito no trabalho do filósofo Kant. A segunda, um forte destaque dado pelas discussões atuais, nos meios de comunicação mediados mais ou menos pela tecnologia.

De Kant precisamos ainda aprender que civil significa, de certa forma e dentro dos limites, responsável pela experiência histórica de toda uma coletividade. Kant escreve, em várias retomadas. Contra a menoridade, a subalternidade das pessoas ao preconceito, à intolerância e à ambiguidade conceitual, expressa no discurso intelectual pela absurda falta de consciência de limites, da filosofia principalmente. Mas que se manifesta e possui efeitos destrutivos alhures: na gestação dos costumes, na organização do direito e das instituições, na construção de um estado moderno totalitário de fato, mas tingido com um discurso populista.

Das discussões atuais salta aos olhos a dialética entre a participação como afirmação e a indiferença. As discussões da sociedade deste início de século XXI, supostamente o século da interatividade total, são mensagens trocadas na Rede de Computadores, propagandas consumidas de diversas formas, ou ainda um cardume de outras formas de veicular informação para tentar produzir conhecimento, que por não saber o que é já andamos rebatizando como saberes. Afirmamos tantos direitos e tantas identidades que nem sempre sabemos se queremos, ou podemos chegar a algum ponto - não é à toa que no tratado do desenho e da pintura, se não erro, Da Vinci afirmava que essencial para se definir a perspectiva é a instituição de pontos de fuga.

Tudo isto para afirmar que a experiência de "ser" sociedade civil nos conduz, neste Ano do Senhor de 2011 que já vai alto, para uma encruzilhada. Pensaremos a sociedade contra as instituições que encobrimos com o rótulo do Estado Moderno?; tentaremos encobrir com a lei nossas (in)conveniências particulares, sem jamais articular o coletivo de forma realmente confortável para todos os envolvidos e implicados? Há uma terceira forma?

O século XXI é o da interatividade. Veremos se a interatividade que brilha nos touchscreens ou que consome rizomaticamente organismos de fundadores das maçãs-símbolo do consumo especulativo. Seja a pequena maçã plugadíssima que enfrenta um câncer, seja a big apple que acredia reconstruir suas torres.

Prof. Dr. Josemar de Campos Maciel


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