domingo, 9 de outubro de 2011

Gisela Dória pergunta

O que te faz dançar?

Gisela Dória é doutoranda do programa de Artes da Cena da Unicamp, mestre em artes cênicas pela Escola de Comunicações e Artes da USP, possui graduação em comunicação social/jornalismo. Coreógrafa, professora e bailarina, formada em Londres pela Royal Academy of Dance, com formação em Pilates pelo CGPA/SP, atuando principalmente nas seguintes áreas: teatro, dança, pilates e jornalismo.

8 comentários:

  1. Nunca dancei. Não sei dançar. Sempre fui travado na mente totalitária. A mente me diz: você, (você, quem¿ eu pergunto no meio da cambalhota mental provocada pela pergunta).
    Seja melhor então dizer, e ela logo diz por mim: eu não preciso de mais nada, além do pensamento, dos sonhos, das belas sensações que comando a química do corpo a produzir para... quem, ô, para quem? Neste ponto eu já não sei se a mente é meu instrumento ou se eu sou instrumento dela! Ou tudo que eu sou se resume a ela, a minha mente? Mas se eu posso vê-la, então, quem sou eu?
    Daí vem a dança, de fora da minha mente, com certeza, e de fora do corpo, talvez, mas existente no vazio entre as estruturas materiais do meu corpo físico, na distância entre os elétrons e o núcleo de cada átomo, e já não estou rígido e aprisionado na mente, pois antes que a mente saiba o que acontece eu sou o sopro, a respiração do vazio, o pulso inefável que me faz um observador antes de pensar a respeito de qualquer coisa. E mesmo na imobilidade, sem mover um músculo, eu estou pulsando, indo, navegando, eu o sopro e a chama, parte do mesmo movimento que expande o universo.
    Primeiro, então, vem a dança, depois a mente tenta entender e disciplinar, regrar e conter, mas não dá conta de reter todo o fluxo atemporal do movimento primordial e irresistível. O que fica sob o controle da mente é o movimento disciplinado, o que escapa ao controle da mente é a dança.
    A dança, posso então concluir, já que aos ignorantes tudo é permitido, é o impulso recebido no vazio do corpo e que não cabe no pensamento. O que extrapola, excede e desborda. A dança é a poesia do corpo. Assim eu também danço junto com todas as danças às quais estou conectado, mesmo sem vê-las, mesmo permanecendo aparentemente imóvel. E, no entanto, me renovo.

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  2. Há algum tempo atrás (não sei bem quando) escolhi a dança. (Não acredito nessa história de que é a dança que escolha a gente). Me lembro quando tive o meu primeiro filho (e eu dançava) achei que a minha vida a partir dali iria se concentrar naquele ser (que era totalmente dependente de mim). Lógico que isso passou logo. Vejo assim, parecido, com a dança. Parece que a todo momento nós nos encontramos e esse universo me aparece assim dependente. Então a dança é o meu assunto. Assim atravessada por tantos outros. É com ela que con-vivo. É a dança que me apresenta (a mim mesma a aos outros). Ela mostrou meus limites e essa consciência do meu corpo no mundo. E continua me apresentando o novo, o desconhecido e os desafios que me obrigam a lutar todos os dias.

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  3. Então Renata, também não acredito que a dança nos escolha, muito pelo contrário , acho que nós, insistentemente acabamos sempre escolhendo por ela, retornando para ela, sabe-se lá porque.
    Talvez seja exatamente essa questão por trás dessa minha pergunta, que recentemente tem me atormentado, "o que te faz dançar?" ou no meu caso atual "o que não me faz dançar?". Tenho sentido muita falta da minha dança, que anda latente em meu corpo, esperando uma brecha, um motivo, uma razão ou será uma inspiração?
    "Fazer poesia com o corpo" o Zeca disse, sim eu concordo e ando assim procurando um poema para dançar.

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  4. dançar é um dos gestos concretos que me permite construir sentidos e acalmar anseios.

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  5. Dançar pra mim areja a repetição do levantar, sentar, andar, manusear, clicar, teclar e ser eficiente da movimentação do dia-a-dia.
    Dançando, assistindo dança e pensando coisas enquanto dança crio e entendo conceitos, desenvolvo em mim maneiras diferentes de perceber, me perceber. Assim me conheço em constância, me arrisco a me desarrumar pra arrumar de um jeito diferente, e desarrumar novamente, se bem que a beleza simétrica ainda faz parte de algumas buscas, às vezes com cara de sensual, às vezes de sofrido, outras de engraçadinho e inteligente.

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  6. Esses dias assisti um episódio de Friends em que dois personagens (Mônica e Ross) dançavam a dança do robô. Porque era uma situação ridícula, achei ridículo também e fiquei pensando por que é que a gente sai a se mexer por aí.. coisa estranha, por exemplo, existir um lugar para as pessoas frequentarem e sem dar explicações ou motivos, começarem a movimentar o quadril, os ombros, os braços... bah! achei gozado. sabe quando vc consegue olhar alguma coisa de fora?! acho que é pq eu sempre vi a dança de dentro..

    daí pensei agora que se for pra achar um motivo pra dançar, seria um motivo para parar de dançar, porque é como se a dança fosse um motivo nela mesma.

    então, o que me faz dançar é a possibilidade da dança existir. é o que eu tenho pra agora ;*

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  7. http://www.youtube.com/watch?v=CfStxSpsB9Y

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  8. eu danço pra acalmar o caos lá de dentro. quando paro ele toma conta de mim.

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